Foto copiada daqui: http://www.bragancanet.pt/patrimonio/arvsobreiro.htm
O Alentejo, é cada amigo meu,
E é cada grão de trigo de uma vida
e cada lírio triste que morreu;
E é um sobreiro velho, e sou eu!
E cada giesta branca ali nascida.
O Alentejo, são gentes que vagueiam,
P'ra sempre agrilhoadas ao "seu chão";
E as papoilas vermelhas que incendeiam
As paisagens, e as misérias que medeiam
Mesas alheias em que sobra o pão.
O Alentejo é um vagaroso rio
Que se esgota exangue, que se esvai
Em enxurradas de sol e de estio,
Jorradas em searas de pousio
E marés de malmequeres em Maio.
O Alentejo é um brado que murmura
Dentro de mim sussuros inaudíveis,
Recados da saudade que me obtura
Indelével no tempo e na lonjura
E em sonhos de regressos impossíveis.
O Alentejo é um poema infinito
Qual pintura de sublime aguarela;
Perfume das estevas, inaudito,
É o eco dissipado de um grito:
Soneto arrebatado de Florbela!
João Chamiço
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