Soube-se há poucos dias que estão a ser contactados os proprietários de todos terrenos situados na orla da Estrada Nacional Nº118 numa extensa área de charneca que se estende desde o alto da Degracia até ao entroncamento da Atalaia, no sentido de os sensibilizar para a cedência de vastas áreas destinadas à implantação de um mega projecto industrial.
Parece que, um verdadeiro reboliço se aproxima a passos largos do nosso Concelho. Um projecto industrial de dimensões nunca antes vistas irá provavelmente mudar a face do Concelho e arrasar de vez o marasmo da região.
Grandes fábricas de transformação de produtos agrícolas, pequenas e médias indústrias dos mais diversos ramos de actividade estarão já previstas para o local.
Centenas de postos de trabalho irão ali nascer nos próximos anos, e prevê-se que a maioria deles serão destinados preferencialmente a casais em idade fértil que prometam fixar-se como habitantes permanentes no Concelho.
As autoridades locais, acometidas de um entusiasmo quase eufórico, falam já na necessidade de se iniciarem obras de restauro e ampliação das escolas primárias da Atalaia e da Degracia para já, prevendo-se que outras serão igualmente recuperadas a par da implantação do projecto industrial, já que se prevê que estas medidas venham a contribuir para um rápido rejuvenescimento da população de todo o Concelho.
A euforia parece ter já chegado a todos os cantos do mundo, e uma febre colectiva do regresso às origens estará a disseminar-se descontroladamente, pelo que as autoridades locais estarão a apelar à calma e ao bom senso das pessoas, para que o regresso se processe faseadamente afim de evitar filas de automóveis e de camionetas de firmas especializadas em mudanças de casa.
Mas parece que o que mais estará a preocupar os responsáveis, será o mais que provável desencadear de uma onda inflacionária e o aproveitamento especulativo dos negócios imobiliários no Concelho.
Bem, falta apenas dizer que, estas notícias não são verdadeiras, e que não passam de uma pequena rábula pensada por alguém que bem gostaria que tudo isto fosse a sério. Quem sabe um dia.
Como diria Miguel Torga; (Ter um destino é não caber no berço onde o corpo nasceu, é transpor as fronteiras uma a uma e morrer sem nenhuma).
João Margarido Chamiço